terça-feira, 11 de março de 2014

"DOMINGOS, o pluralismo de um artista" por Cunha de Leiradella


DOMINGOS, o pluralismo de um artista 

…Domingos Mendes da Silva, o artista plástico DOMINGOS, que tive o prazer de conhecer em 2003, na Póvoa de Lanhoso, pouco depois da minha volta a Portugal, é um desses raros seres humanos que se aperfeiçoam de uma forma incomum. Modesto no ser e no estar, mas de uma concretude absoluta quando se fecha no seu atelier, sabe como poucos dialogar com o universo ontológico através dos seus pincéis. 

…Mas não foram apenas as cores que mudaram o tom do seu sentir e do seu compor. Foram os traços. Agudos, geométricos, angulares. Intercalando as nuances das cores, como se os pincéis fossem espelhos e as reflectissem das mais variegadas tonalidades. O tom sobre tom, o dégradé, aqui e ali cortado pelo grito de uma cor mais quente ou mais lancinante. 
…DOMINGOS progride na sua arte com um abandono progressivo das formas tradicionais, trocando a pintura de assuntos por uma pintura absoluta. Mas sem cair no oco hermético do abstraccionismo puro. Não. DOMINGOS  faz do colorismo e do abstraccionismo geométrico o veiculo da reinterpretação da sua realidade. Interior e exterior. E molda (às vezes até avoluma) as suas imagens na medida em que elas o agridem e a sua sensibilidade se sente agredida. 

…Se algum de vós quiser saber por que a arte de DOMINGOS é assim geométrica, incisiva, acutilante, e não arredondada, glamorosa, glaiadínica, não lho pergunteis. Certamente a resposta será: Eu sou apenas um espelho. A realidade da pintura de DOMINGOS somos nós. Os outros. 

         Cunha de Leiradella
         Casa das Leiras - Portugal
         18 de Maio de 2010

Sem comentários:

Enviar um comentário