DOMINGOS,
o pluralismo de um artista
…Domingos
Mendes da Silva, o artista plástico DOMINGOS, que tive o prazer de conhecer em
2003, na Póvoa de Lanhoso, pouco depois da minha volta a Portugal, é um desses
raros seres humanos que se aperfeiçoam de uma forma incomum. Modesto no ser e
no estar, mas de uma concretude absoluta quando se fecha no seu atelier, sabe
como poucos dialogar com o universo ontológico através dos seus pincéis.
…Mas
não foram apenas as cores que mudaram o tom do seu sentir e do seu compor.
Foram os traços. Agudos, geométricos, angulares. Intercalando as nuances das
cores, como se os pincéis fossem espelhos e as reflectissem das mais variegadas
tonalidades. O tom sobre tom, o dégradé, aqui e ali cortado pelo grito de uma
cor mais quente ou mais lancinante.
…DOMINGOS
progride na sua arte com um abandono progressivo das formas tradicionais,
trocando a pintura de assuntos por uma pintura absoluta. Mas sem cair no oco
hermético do abstraccionismo puro. Não. DOMINGOS faz do colorismo e do abstraccionismo
geométrico o veiculo da reinterpretação da sua realidade. Interior e exterior.
E molda (às vezes até avoluma) as suas imagens na medida em que elas o agridem
e a sua sensibilidade se sente agredida.
…Se
algum de vós quiser saber por que a arte de DOMINGOS é assim geométrica, incisiva,
acutilante, e não arredondada, glamorosa, glaiadínica, não lho pergunteis.
Certamente a resposta será: Eu sou apenas um espelho. A realidade da pintura de
DOMINGOS somos nós. Os outros.
Cunha de Leiradella
Casa das Leiras - Portugal
18 de Maio de 2010
Sem comentários:
Enviar um comentário